domingo, 8 de julho de 2007

Espiralismo e Espiralista

Conversa via e-mail entre dois espiralistas Aníbal Alexandre e Wesley Pereira
(estudantes da artes plásticas).


Mensagens trocadas no decorrer de junho:

(Aníbal)

Espiralismo é uma corrente que acredita na experiência, na vivência transformadora e de certa forma libertária, com uma loucura que deve deixar de ser vista com preconceitos, etnocentrismos, visões sacralizadas, entre outras. Propõe a investigação de uma verdadeira loucura, que pudesse estar além dos conceitos já existentes, uma loucura interior e mais subjetiva, inerente a cada ser humano. Propõe uma investigação que pudesse estar associada a produção artística de um modo geral, abrangendo as artes visuais, a música, o teatro...

A loucura que se impõe como uma realidade específica, a investigação se daria num processo que nos tornasse conscientes dela, não somente de forma racional mas principalmente intuitiva.

A criação artística/poética seria o meio em que mais poderíamos expressar essa investigação. Pelo fato de existir uma grande liberdade na criação artística, que diferentemente do academicismo atual, poderia transcender formalismos. O rompimento dos padrões impostos pela sociedade seria uma utopia? Seria trazer a loucura para uma certa banalidade?

“(...) em verdade, não tencionamos esclarecer-vos a respeito da Musa Multifacetada, nossa vontade é que tenham com ela uma relação afeto-odiosa qual um baralho e um tamanco de vidro azul.

Olhando pelo caleidoscópio, talvez te chamem Quixote.” (da Silva, Bruno em comentário postado na comunidade espiralista, http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=9168995&tid=2512489502328663013)

( Wesley Pereira)

O que é espiralista? é um espiral de hipnose, é um espírito realista ou é um espinho nazista? Espiralista acredita em alguma coisa, espiralista é ser alguma coisa, espiralista tem que fazer yoga? Deus é espiralista? O parafuso e a porca? Confusão positivista? O tudo ou o nada? Artistas? Garis ou engenheiros? Blue moon! (isso não é a resposta, portanto, continuo esperando)

(Aníbal)

Vou limitar um pouco no começo o foco falando de duas possibilidades que pensei e achei importantes para dizer o que é espiralista: 1° a pessoa que assume esse rótulo. 2° o objeto, conhecimento, matéria (não necessariamente física), qualquer coisa que seja resultado da criação humana, que tenha sido concebida com intenção dentro das idéias propostas pelo Espiralismo.

Acho que espiralista é um resultado (expressão) de uma investigação, experiência, ou a própria experiência insana (talvez uma filosofia pelo seu caráter investigativo). Ou qualquer pessoa que assuma esse rótulo tendo consciência da existência do Espiralismo se propondo a investigar a loucura, numa busca também pela expressão, dividindo esse conhecimento ou os frutos dessa investigação por meio da arte. Acho que não somente a arte é um meio de expressar essa investigação, ou a experiência etc. mas acredito que ela pode ser o meio mais liberto para esse compartilhar.

Me desagrada a idéia de rotular alguém como espiralista – ainda que sua produção seja uma expressão legítima da loucura, ou sendo esse indivíduo um louco (diagnosticado como tal ou não) – se ela jamais teve contato com as idéias espiralistas, assim como qualquer matéria, objeto de arte, ou música etc. que induza algum tipo de experiência louca que não tenham tido esse contato.

Acho que a loucura é também corpo divino, assim como toda a existência. Uma pessoa espiralista não tem que fazer yoga, faz se quiser, faz o que quiser (somos livres yeah!). O Espiralismo pode num futuro começar a propor práticas que irão ser mais eficazes na indução da experiência insana, de uma forma que não degrade o corpo ou a mente, pelo contrário, seja algo transcendente.

O “tudo” que você falou entendi nesse sentido, de corpo divino, e também na idéia de que tudo pode ser loucura se pensarmos nos aspectos da diversidade cultural e das diferenças. Se pensarmos que tudo que permeia o homem tem um pouco de manifestação insana, intuitiva ou não. E o nada como essa quebra que o espiralismo propõe de alguns conceitos existententes, um caráter de certa forma destruidor para um renascer num degrau mais acima.

(Wesley Pereira)

Percebi que nasceu uma vontade construtiva dentro do espiralismo, transcendendo a loucura, isso me agrada muito. Todos os “ismos” na verdade se resumem ao momento e as pessoas e depois tem alguma importância como legado histórico, as pessoas se inspiram mas trabalham dentro do seu contexto que é outra realidade. Penso assim na importância do Espiralismo, como você mesmo diz, abertura do canal comunicativo para pessoas que tem interesses em comum, no nosso ilimite.


(Aníbal)

Acho que o “ilimite” está se tornando natural para nós. Cada vez que entro em contato com algo que quebra os padrões (a "normalidade"), vejo que sou mais careta do que imaginava, o ilimite pra mim induz auto-conhecimento além de conhecimentos mais gerais e aproximados da verdade das coisas, acho que o espiralismo é realista por tratar tudo como realidade.
Nesse sentido o Espiralismo (não sei se você concorda) estaria trazendo também a idéia da existência da essência das coisas existentes, e tratando o que vemos como inexistente como algo existente. A existência da não manifestação, a existência das coisas inexistentes

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Do Nosso Objeto de Estudo


O Espiralismo não é Surrealismo, temos insistido nesse ponto a todos que nos perguntam sobre nosso movimento, nossa semelhança é muito ingrata. Por exemplo, o Surrealismo se propõe como linguagem do inconsciente (dos sonhos), claro que não convence, pois se diz capaz, de traduzir a linguagem do inconsciente, calcada na psicologia freudiana.

O Espiralismo não tem essa preocupação, não nos propomos como linguagem do inconsciente tão somente, pois esse não é um campo de estudo a nós descartado, nosso interesse está voltado ao estudo da loucura, o ilogismo aleatório presente em muitos de nossos trabalhos artísticos, demonstra claramente que os espiralistas são muito mais influenciados pela entropia¹ que por inconsciente, não dizendo é claro que inconsciente não é entrópico.

Nossa inovação está na forma em como o caos é abordado, quando vemos uma espiral, se imaginarmos numa forma em três dimensões, existe uma ilusão de ótica, não saberemos dizer se a forma sai do plano para “fora” ou para “dentro”, o mesmo pode ocorrer com uma pirâmide ou com um cone. Essa ambigüidade, incerteza das coisas nos lança numa irracionalidade, que é também um dos nossos objetos de estudo.

Ou seja, o Espiralismo não estuda somente a loucura, estuda o irracional, o ilógico, o caótico, o aleatório, o psicológico, o dialético, o entrópico...

¹Entropia – Nome dado por Clausius à função de estado indicada por S, que caracteriza o estado de “desordem” de um sistema. Ÿ Ling. e Comunic. Média da quantidade de informação das unidades lingüísticas, II Na teoria da comunicação, quantidade que mede o grau de incerteza de determinado elemento do conhecimento (a entropia é nula desde que não exista incerteza). (Extraído da enciclopédia Larousse Cultural)



-Ô moço! Que horas são?

(Besteirinha pra passar o tempo.)















MENTIR
insanaMENTE
MENTalmente
curiosaMENTE?
..
Qual a primeira coisa que veio em sua mente quando viu isso?
. ..
deixa ver se acerto > MENTIRa?
.....
POR QUE?
um nariz grande não é só grande?
porque ser MENTIRa?

"se eu sou louca, vc é louco, nós somos loucos e formamos um mundo onde quem é mais louco se torna rei, e recebe a remome de ser normal"

foto: Karina
edição: Aníbal



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Doroti em seu Quarto Escuro no Kansas

voe, voe, minha espiral perene...

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O fio em que me equilibro e desenrolo pra andar quem tece sou eu. Não preciso do chão pra viver, preciso do medo do abismo e de um companheiro equilibrista pra me segurar às vezes, quem anda na terra só entende de quem anda na terra. Você foi feita pra andar na terra, no chão firme, eu na corda bamba fazendo malabarismo e desviando de um ou outro tomate arremessado por aqueles que assistem ao espetáculo.Na verdade esqueci quem eu sou e me fiz esquecer! Logo não terei mas um nome e não serei também um homem, serei apenas infinito...

Portifólio Aníbal Alexandre












----------2006

outros trabalhos em http://tetrapteroagonico.blogspot.com/
















-------------Encéfalo Desingurgitado
-------------26/1/2007





















-------------Queda agônica
-------------15/11/2006


























Cale-se Gardhenia Você me Deixa Louco!
-------------29/6/2006































-------------2006





























-------------2006--------------------------2005




























-------------2005----------------------------2005




























-------------2005-----------------------------2004































------auto retrato - 2005------------moscão - 2005
























--------------------2005 ----------------------------------- 2005
























------luta com o eu inferior - 2005 ------------Mantra espiralista - 2004

























---------------------2004---------------------------------- 2005

























------------------2003 ----------------------------------- 2004

























------------------2005 ------------------------------ 2005































--------------2005-------------------------------- 2005































-------------2004 ------------------ King - 2004

Desenhos de Bruno da Silva




Declínio, 2003


Sem Título, 2004


Aníbal Versão Surrealista Forçada, 2003


Umbigo da Thaisa, 2003
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No Orkut






comunidade no orkut

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=9168995







Espiralismo, o que é isso?

Texto escrito no começo do espiralismo. Hoje, muitos dos nossos conceitos mudaram, mas o texto continua aqui. Apenas como recordação...

O E s p i r a l i s m o

A princípio seria mais um movimento, glorificador do Surrealismo, Dadaísmo e Expressionismo, porém caímos na real, não ter originalidade nos tornaria um movimento obsoleto. Não é nosso objetivo, nem nunca foi, o de reascender a fogueira desses três movimentos, nem tão pouco contrapô-los com um retorno ao clássico.

Não negamos nossas influências, porém o que fizemos foi ”matar nosso pai, o surrealismo, para trepar com nossa mãe a loucura”¹, a loucura sim nosso principal objeto representativo, nossa musa inspiradora, é ela que nos move, fogo gélido corrosivo, derrete nossa massa cefálica em forma expressiva, exala o odor entorpecente que nos joga em uma espiral diária e infinita (ninguém pode se manter na espiral por muito tempo, é como um êxtase momentâneo).

O Espiralismo, portanto nada mais é do que a expressão da loucura, agente implícito de cada pessoa, não pense que tu és um sujeito normal, não mesmo, tu és louco meu caro, desatinado! Todos os rótulos concebidos por tu a ti mesmo não passam de ilusões da mente, até mesmo o conceito de ser. Afinal o eu existe, você é o que é seu pensamento?


1 - Bruno da Silva, em conversa.